Um destes dias, numa das lojas
onde nos são impingidos marcas, modelos e conceitos estrangeiros, foi-me dado a
provar um vinho quente, muito típico, como bebida de inverno, na Suécia.
Provei. Provei com agrado, que o líquido quente, suavemente alcoólico e doce é bem agradável.
Provei. Provei com agrado, que o líquido quente, suavemente alcoólico e doce é bem agradável.
Contudo, logo abri aspas à designação “vinho” e imediatamente encontrei, na história das minhas papilas,
uma vincada memória de paladares parecidos.
Apurei que a bebida tão característica do inverno sueco é um vinho de fermentação interrompida sem elevação de teor ou uma mistura de vinho e sumo de uva, que a tradição vinícola (de reconhecida excelência) se prepara para difundir no mercado nacional (tão ligado aos brilhantes exemplos do norte da Europa) e fazer vingar por cá esta tradição Oh!... Oh!... Oh!... tão genuinamente lusa como Oh!... Oh!... Oh!...
Apurei que a bebida tão característica do inverno sueco é um vinho de fermentação interrompida sem elevação de teor ou uma mistura de vinho e sumo de uva, que a tradição vinícola (de reconhecida excelência) se prepara para difundir no mercado nacional (tão ligado aos brilhantes exemplos do norte da Europa) e fazer vingar por cá esta tradição Oh!... Oh!... Oh!... tão genuinamente lusa como Oh!... Oh!... Oh!...
E busquei, na memória, quando,
onde e como é que aquele paladar se terá marcado anteriormente em mim.
Associei e reconheci:
- VINHO QUENTE COM MEL.
Algures no passado de menino
e moço transmontano, a tradição do meu povo me deu a conhecer o paladar que
agora vinha a reencontrar com a marca tão certificadamente nórdica.
Segurei-me, fechei-me em
copas (Como em jogo de “Sueca”?) e na primeira oportunidade, Noite de Natal,
aqueci vinho (português e do bom) com mel da Serra de Montesinho (tão bom como
o vinho, que eu não brinco em serviço) e dei a provar aos companheiros de ceia
e noitada.
Sucesso estrondoso, com
direito a aplauso e vivas, repetição e bis até a razão impor a moderação.
E a memória?
Essa…, a memória, foi meu pai
que a recolocou no seu devido contexto, falando de que antigamente, em dias de
matança do porco, se aqueciam assim as tripas e as almas de quem, com mãos
geladas, regressava da ribeira com as ditas (do morto) lavadas.
A memória das papilas
repôs-se e tudo combina.
Combina a tal mistela dos suecos com o frio da Suécia, mas combina comigo o paladar quente e doce de mel de urze e carqueja diluído no travo de bom maduro tinto, aquecido em púcaro de barro, nas brasas de uma lareira transmontana.
Combina a tal mistela dos suecos com o frio da Suécia, mas combina comigo o paladar quente e doce de mel de urze e carqueja diluído no travo de bom maduro tinto, aquecido em púcaro de barro, nas brasas de uma lareira transmontana.
INCOMPARÁVEL.
Quanto vale a memória de um povo?
Quanto vale a memória de um povo?
1 comentário:
Aproveita o teu engenho e arte para passares, à memória futura, os costumes e atividades das quais tiveste a dita ou desdita de ainda de as teres conhecido.
Enviar um comentário