Não há como nós!
Como não há como nós?
Há milhentos como nós, para o bem, para o mal e para o assim-assim! Simplesmente cada um se sente mais senhor de um “nós” razoavelmente cristalino. Tão próximo que não há como ver qualquer sujidade ou imperfeição. E então, quando teima em distanciar-se estrategicamente do “eles”, adquire tal contraste que, de certeza, foi lavado com um tal detergente de outra moda.
Mas o nós tem sempre história e razão. E acho que foi esse, tão escondido nos idos, bem antes de qualquer memória, e que não permite qualquer direito a exercícios de saudade, que se me aflorou como marca de raiz.
É que memórias não são coisa de raiz. Têm-se como caules ou como folhas, e respiram-se! E saudades é outra coisa.
Visitei a raiz, não visitei a terra, que essa anda um quanto, entre “nós” e “eles”, sem que que o “vós” seja chamado à voz.
Mas, regressemos à visita que me fez vibrar neste dia e que vos conto em aroma, gosto e paladar, simplesmente. E assim cozi, assei e foram logo os aromas que me fizeram viajar para lá do tempo, para as estórias. E depois, os paladares levaram-me a memórias e a palavras de outros tempos e… maias.
Se também as roí?
Claro! Não fosse, sabe-se lá, cumprir-se o infortúnio que a tradição determina!