(ao jeito de colóquio popular transmontano)
Num Outono que parecia
Mais Inverno começado,
Um caminho percorria
Sozinho, certo soldado.
Era um cavaleiro valente
Das tropas de Roma, senhor,
Que na França combatiam
Por mando do imperador.
Regressava ao seu posto
Depois de ter visitado
E visto com os seus olhos
O que tinha conquistado.
Seu nome era Martinho
E é aqui recordado
Porque naquele caminho
Viu seu destino mudado.
D’entre sombras e arvoredo
Uma figura se levanta,
Qu’interrompe o seu caminho
E que o seu cavalo espanta.
Era um homem quase nu
Que, tiritando, tombava
No chão gelado e cru
Onde o cavalo pisava.
Apeou-se o cavaleiro
Com estranha ligeireza
Pegou na mão que tremia
De frio e de fraqueza.
Em silêncio, o pedinte
Apenas levanta o olhar
O cavaleiro ergue a espada
E com ela rasga o ar.
O ar… e a sua capa
Que, num gesto retirava
E agora, cortada a meio
Ao mendigo a entregava.
Mal o mendigo se cobriu
Com a capa do soldado
O céu cinzento se abriu
Ficou o sol revelado.
O frio desapareceu
Já não parecia Inverno
O mendigo agradeceu
Com agradecimento eterno.
Tão eterno que ainda hoje
Se vê com satisfação
Que antes de começar o Inverno
Há sempre uns dias de Verão
Jorge Pimentel
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
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